sábado, 18 de dezembro de 2010

VAMOS COMEMORAR O QUE?


Nossa Máscara de todos os anos, como será o 8° FTA?


Natal chegando, ano novo a reboque... Hora de pensar, avaliar, planejar e nos lançarmos no rio de aventuras que nos espera em 2011. Mas como entrar em um novo ano sem refletir sobre o que acaba? Vou colocar aqui algumas cositas para consideração dos teatreiros do Amazonas, para que não digam mais tarde que a esperança nos abandonou!
Vou começar apontando a sórdida centralização dos bens culturais e o clientelismo implantados nesses 16 anos da administração publica para a cultura, que forçou o acanhamento de ações culturais nas esferas municipal e terceiro setor, impedindo o surgimento de uma política cultural democrática e participativa. E por mais que me queira otimista, penso que isso está longe de acabar. A democratização da cultura no Amazonas está sob o domínio dos humores e achaques do poder. Fico imaginando quando o sempiterno descobrir os telões de led...
A revisão das relações entre produtores culturais e governos, que possibilitaria avanços inestimáveis para a cena amazonense, parece que ronda como ameaça em nosso Estado. Tanto governos como produtores, fogem ao debate e à revisão, como quem foge da cruz, enquanto o País inteiro discute novas formas de produzir cultura, criando mecanismos e discutindo leis de incentivo.
Nos vemos às voltas com editais fracos e mal elaborados, que sequer atende conceitualmente e financeiramente as necessidades de avanço profissional para o teatro no Amazonas. Isso só muda sobre o prisma da organização dos teatreiros, premissa básica para a instalação de uma nova política cultural no Amazonas. Mas é necessário dominar leis, conhecer o orçamento anual do Estado e do Município, saber quanto cabe à Cultura, participar mais da vida política, entender que temos “representantes” nas esferas, municipal e estadual, e nunca usamos a favor do coletivo, nunca cobramos. Sequer solicitamos audiência nas Comissões de Educação e Cultura para avaliar a política cultural aplicada nos últimos 16 anos e seus efeitos.
E que Grupo ou Companhia teria uma tese de organização para propor à Federação de Teatro? Ou quais projetos poderiam ser apresentados à Assembléia Legislativa ou à Câmara Municipal com o objetivo de democratizar o teatro e fazer leis que estimulem o investimento empresarial neste setor? Cadê o Teatro Municipal? Acredito que nem os parlamentares dessas comissões tenham clareza do assunto e respostas objetivas.
Como pode ser? A cidade de Manaus está entre as quatro maiores economias do País, o Amazonas entre os principais PIBS internos, quase três milhões de contribuintes vivem em Manaus, entretanto o teatro e a cultura são tão episódicos que parece não ter artistas pras bandas de cá! O Ministério da Cultura tem programas de incentivo que qualquer um pode acessar, menos o Amazonas, devido aos incentivos fiscais da Zona Franca, que desobriga o empresário a investir na lei Rouanet. Faturamento de 29 bilhões de dólares em 2010 no Polo Industrial e nada fica aqui. Arte e Fato e Rã Qi Ri com projetos aprovados na lei Rouanet e dificuldades para captar.
Recorrer a editais nacionais, poderia ser uma saída. Mas o Programa Petrobras Cultural, por exemplo, não aprova projeto do Amazonas de jeito nenhum, pode ser o mais bem elaborado. E desafio qualquer um a tentar. Em oito anos de existência só aprovou um projeto do Amazonas, de um poeta de Espírito Santo que reside em Manaus. Risível se não fosse o preconceito velado por trás do descaso. Precisamos dizer à Petrobras que aqui no Amazonas o Gasoduto, as perfurações em Coari e Tefé, fazem parte do enorme patrimônio dessa empresa de que o Governo Federal tanto se orgulha e que, portanto, merecemos respeito.
Vamos tentar em 2011, buscar a organização de fato. Vamos discutir com clareza e paciência que caminho seguir, pensar sempre no coletivo, na força que juntos podemos ter e que chova boas idéias nos palcos do Amazonas. Feliz Natal e Próspero Ano Novo.   


Chico Cardoso
Diretor Teatral